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Teologia Viva em Missão – I

Iniciando nossas observações relativas ao Projeto Teologia Viva em Missão, neste mês às missões dedicado, apresentamos aqui um belo exemplo de evangelização radicado na práxis de Jesus, sempre a caminho, para anunciar o Pai amado e seu Reino.

O Centro de Formação de Agentes de Pastoral (CEFAP) teve início em 1989 e, desde então, realiza a capacitação de cristãos da Arquidiocese de Belo Horizonte que desejam aprofundar a própria fé, visando seu protagonismo em sua específica missão de expressar a força vital e dinâmica do Evangelho nas diferentes realidades onde cada qual pode agir. Mas chegou um momento em que o CEFAP, abraçando radicalmente a missão para a qual foi criado, percebeu que o ímpeto missionário – inerente ao ser cristão – o chamava a dar passos mais ousados: Ir além das fronteiras desta Arquidiocese!

Dentre os programas e projetos que desenvolve, tais como o Curso Básico de Teologia, o Curso de Aprofundamento Bíblico-teológico e o Curso Intensivo de Teologia, o CEFAP tece também o Projeto Teologia Viva, e o faz em cores lindas…

Tal Projeto é uma resposta da Arquidiocese, através desse Centro de Formação, às demandas das Assembleias do Povo de Deus por mais formação e aos pedidos da CNBB por mais ajuda entre Igrejas. Oferece os fundamentos bíblico-teológicos a leigas e leigos nas foranias, paróquias e comunidades da Arquidiocese de Belo Horizonte e de outras Dioceses, através de grupos de monitores. Em Belo Horizonte, o curso é organizado com as comunidades e os párocos. Porém, em janeiro e julho, o Projeto Teologia Viva ganha contornos missionários no interior de Minas e na Amazônia. Para que conheça e se encante com o Teologia Viva, transcrevemos, abaixo, a bela e densa narrativa acerca desse projeto, que você também encontrará em:

http://www.pucminas.br/anima/formacao.php?pagina=4633&codigo=12&PHPSESSID=5dd2f5a08f259db3e53eefaa63fa0e42

 

Projeto Teologia Viva em Missão

“Ai de mim se eu não evangelizo!” 1Cor 9,16

O Projeto Teologia Viva nasceu em Belo Horizonte, em 2006, como resposta às demandas por mais formação apresentadas nas Assembleias do Povo de Deus (APDs). O Projeto Teologia Viva propõe uma visão básica e sistemática dos temas teológicos e bíblicos, visando especialmente à formação dos cristãos comprometidos com a caminhada pastoral das paróquias e comunidades de fé.

A formação acontece nos locais designados pelos párocos, em encontros semanais de duas horas, podendo também acontecer durante os finais de semana por quatro ou oito horas, segundo as necessidades dos grupos, com previsão de duração de três anos. Esses encontros são assessorados por monitores, em sua maioria leigos, que já concluíram um curso de teologia ou bíblia. As avaliações apontaram a positividade do trabalho feito pelo grupo de monitores, tanto pela qualidade da formação dos mesmos, quanto pelo testemunho cristão que levavam e o resultado da formação dos participantes dos encontros.

Satisfeitos com isso, monitores e coordenadores do Projeto Teologia Viva se sentiram interpelados pelo apelo de ajuda na formação dos leigos das Igrejas da Amazônia Brasileira, exposto na Campanha da Fraternidade de 2007. Colocaram-se, então, à disposição para partilhar a própria experiência. A proposta era oferecer, de modo intensivo, nos meses de janeiro e julho, o projeto de formação trabalhado em Belo Horizonte, também com a duração prevista para três anos.

Dom Walmor acolheu com entusiasmo a disponibilidade do Projeto Teologia Viva e a Arquidiocese de Belo Horizonte financiou as passagens das equipes missionárias. A colaboração se iniciou em janeiro de 2008 nas dioceses de Tabatinga (AM), Humaitá (AM), Macapá (AP) e Prelazia de Coari, onde as equipes missionárias trabalharam pelo ciclo previsto de três anos.

Em julho de 2013 três equipes de missionários deram continuidade à caminhada em Macapá (AP), Novo Cruzeiro (MG) e Araçuaí (MG).

Em Macapá continua a caminhada iniciada em julho de 2008. Estamos no segundo ciclo de duas turmas de 95 alunos cada. O primeiro ciclo terminou com a formação de 240 agentes de pastoral. Dom Pedro Conti assumiu a formação como fundamental para toda a Diocese de Macapá, uma vez que o número de padres é muito pequeno e não atende às necessidades das comunidades dispersas no território do estado. Praticamente, a atuação dos leigos é imprescindível, por isso a importância da formação com a qual o Projeto Teologia Viva se comprometeu. As turmas são compostas, portanto, com os agentes de pastoral que chegam de todo o estado do Amapá e parte do Pará pertencente à Diocese.

Em Novo Cruzeiro, foi celebrada a conclusão da caminhada das duas turmas do segundo ciclo. Desde julho de 2010 já se formaram 178 cursistas hoje dirigentes de comunidades. A paróquia é muito grande, e faz parte da Diocese de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha. É composta de 72 comunidades distantes até 96 km do centro, acessíveis somente por estradas de terra. O único padre, ameaçado de morte por lutar ao lado dos pobres, não consegue visitar todas com a frequência esperada e são os leigos que levam a vida das comunidades cristãs em frente.

Ponto importante a ser sublinhado é a pobreza, às vezes extrema, que a equipe missionária encontra. A equipe de missionários procurou fazer um trabalho junto à pastoral carcerária e com os presos da cadeia pública onde muitos deles vivem como lixo, amontoados em pequenas selas, doentes. A equipe fez visitas, distribuiu bíblias e denunciou a situação à Assembleia Legislativa de MG, junto à Secretaria de direitos humanos. A equipe missionária, atualmente, além da formação acompanha a luta de um acampamento de sem-terra ameaçado de despejo. A esposa de um dos missionários, professora universitária, também se interessou pela situação e deu início a um curso de artesanato; hoje o material produzido é vendido por uma cooperativa.

Em Araçuaí estamos no meio da caminhada. A diocese é composta por 26 cidades e 22 estão presentes nos encontros semestrais do Projeto Teologia Viva. A turma é de 72 pessoas inseridas nas pastorais e movimentos, com condições de “repassar” em suas paróquias e comunidades a formação recebida. Percebe-se a preocupação de todos: bispo, padres, religiosos e leigos por uma formação que realmente ajude os cristãos a aprofundarem a própria fé e a se comprometerem efetivamente na Igreja.

O que caracteriza essa iniciativa como evangelização é especialmente o “espírito” como tudo é feito. As equipes de missionários que partem para os momentos de formação intensiva nesses lugares distantes de Belo Horizonte estão conscientes de serem “enviadas” por uma comunidade: a Igreja particular de Belo Horizonte os envia em missão para outra Igreja. Esses missionários vão para partilhar a experiência de encontro com Jesus Cristo, aprofundado com o estudo bíblico-teológico e, especialmente, e para viver uma experiência de encontro e convivência com os irmãos. O resultado, como se pode prever, mostrou-se muito positivo para todos.