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Chegou o momento da Igreja católica repensar a exclusão da mulher do ministério da ordem?

Em muitas Igrejas cristãs, a mulher há tempos tem acesso ao ministério da ordem que na Igreja católica está reservado apenas aos homens. Nessas Igrejas, encontramos epíscopas (bispas), presbíteras (sacerdotisas ou pastoras) e diaconisas. Nestes dias, o cardeal Christoph Schönborn, um dos relatores do Catecismo da Igreja Católica, propôs a convocação de um Concílio para decidir sobre a ordenação de mulheres. Na Igreja católica, grande número de comunidades, pastorais, grupos e movimentos já são coordenados por mulheres. Na catequese, espaço privilegiado de transmissão da fé cristã católica, mais de 90% são catequistas. Cresceu também o número de teólogas e já se consolida, de forma crescente, a original teologia feminista, ou seja, uma reflexão de fé do conteúdo da experiência cristã, da compreensão da Palavra de Deus, dos temas, princípios e conceitos estruturantes a fé cristã a partir da ótica da mulher. Chegou a hora da Igreja católica, impulsionada pelo Espírito Santo, como em outros momentos, por exemplo no Concílio Vaticano II, rever este costume como realidade que não mais responde aos sinais do tempo, ante os desafios de ser cristão hoje? E você, o que pensa sobre isso? Envie-nos sua posição sobre esta importante temática.

Cardeal propõe um Concílio para decidir sobre a ordenação de mulheres

O cardeal Christoph Schönborn quer “uma porcentagem maior de mulheres em cargos de liderança” na Igreja e, por isso, propõe um Concílio da Igreja sobre sua ordenação “como diaconisas, sacerdotisas e bispas”. Ele fez essa proposta durante uma entrevista publicada no domingo da Páscoa, na qual também afirmou que a questão da ordenação de homens casados “certamente será discutida” no Sínodo Pan-Amazônico.

(A REPORTAGEM É DE CAMERON DOODY, PUBLICADA POR RELIGIÓN DIGITAL, 07-04-2018. A TRADUÇÃO É DE ANDRÉ LANGER.)

Em sua conversa com jornalistas dos jornais austríacos Die Presse e Salzburger Nachrichten, o arcebispo de Viena comentou, a respeito da ordenação de mulheres e homens casados, que “as questões organizacionais são importantes” na Igreja, “e eu acredito que há espaço para melhorias, também um potencial necessário para mudanças”. “Uma das questões-chave é o papel das mulheres na Igreja”, continuou o cardeal: “ali, as comunidades religiosas como um todo precisam de desenvolvimento”.

Sobre quem na Igreja tem a competência para levar a cabo tais mudanças ou desenvolvimentos, o cardeal Schönborn especificou que “a ordenação [de mulheres] é uma questão que claramente só pode ser esclarecida por um Concílio. Um papa não pode decidir isso sozinho. É uma questão grande demais para ser decidida na mesa de um papa”.

E, para o cardeal, embora o Papa João Paulo II tenha fechado a porta à ordenação das mulheres, na Igreja há “um princípio católico tradicional, que é o desenvolvimento da doutrina”, cujo peso é sentido especialmente agora, com o Papa Francisco, e de uma maneira “empolgante”. Como exemplo desse princípio, o cardeal recorreu à decisão do Papa Bergoglio, já há um ano e meio, de equiparar a festa de Maria Madalena “às festas dos apóstolos”. “Pode-se dizer que é uma coisa pequena. Mas mostra uma mudança de consciência”, enfatizou.

“A Igreja é uma comunidade e grandes decisões devem ser tomadas juntos”, disse o também editor do Catecismo da Igreja Católica, propondo nesse sentido, e na linha de sua ideia de que um Concílio seja convocado, “que continuemos no caminho da sinodalidade na Igreja, o que o Papa encoraja fortemente”.

“Eu confio em que haverá um novo Concílio, sempre que vier. João XXIII, naquela época, reconheceu o momento certo, quando ninguém esperava. Eu confio no Espírito Santo”, disse Schönborn.

Fé na tutela divina da Igreja que o cardeal espera que também seja sentida no Sínodo Pan-Amazônico planejado para outubro de 2019, no qual a questão da ordenação de homens casados “certamente será discutida”.

Fonte:

IHU